CRITÉRIOS PARA A BUSCA DA VERDADEIRA RELIGIÃO

Santo Agostinho

Observações: A cada dia vemos vagalhões de doutrinas erradas assolando o mundo. Na vida civil e na vida religiosa. Tais erros podem nos abalar, sem dúvida. Para nos mantermos de pé, firmes na luta pelo bem, é sempre bom recorrermos à doutrina católica e ao ensinamento de seus santos. São sinaleiros colocados por Deus para prosseguirmos no bom caminho.

Com esse objetivo transcrevemos alguns textos de Santo Agostinho.(V.O.)

A coerência entre ensino e prática

(…)

8. Seja qual for a intenção dos filósofos, qualquer pessoa pode facilmente compreender que não se há de buscar a religião junto dos que, participando dos mesmos mistérios sagrados com o povo, abertamente expõem em suas escolas opiniões diferentes e contraditórias, sobre a natureza de seus deuses e sobre o sumo Bem.

Se não fosse senão por ter extirpado esse mal, ninguém poderia negar à religião cristã o mérito de indiscutíveis louvores.

(E, dirá alguém, não há divergências na Igreja?)

De fato, as inúmeras heresias, uma vez apartadas da norma do cristianismo, atestam que aqueles que sobre Deus Pai, a sua sabedoria e o dom divino, professam e ensinam doutrinas contrárias à verdade não são admitidos à participação dos santos mistérios. Isso porque se crê e se ensina como fundamento da salvação humana que estejam concordes: a filosofia – isto é a procura da sabedoria – e a religião. De quem não aprovamos a doutrina, tampouco havemos de participar com eles dos sacramentos (1).

Cristãos-católicos: os guardiões da integridade

9. A incoerência espanta menos as seitas que quiseram instituir para si ritos e sacramentos diferentes, tais como não sei que hereges denominados ofitas, os maniqueus e alguns outros. (2)

Deve-se, porém, advertir e chamar mais a atenção daquelas seitas que conservando os mesmos sacramentos, contudo, por sua maneira de pensar, e por preferirem difundir seus erros com obstinação maior do que cuidado em corrigi-los – deveriam eles ser excluídos da comunhão católica e da participação de seus sacramentos. Não só por sua doutrina, mas também por sua superstição mereceriam denominações e assembleias próprias. Assim os fotinianos, arianos e muitos outros (3).  Outra questão é a respeito dos causadores de cismas, A eira do Senhor poderia suportar as palhas até o templo da última peneirada (Mt 3, 12), se eles não tivessem cedido com excessiva leveza ao vento da soberba, separando-se voluntariamente de nós.

Quanto aos judeus, ainda que implorem o mesmo Deus único e todo-poderoso esperam dEle apenas os bens temporais e visíveis. Por sua demasiada presunção, não quiseram vislumbrar em suas próprias Escrituras, os primórdios do povo novo que surgia de humildes origens. Permaneceram, assim, no ideal do homem velho.

Desse modo, a verdadeira religião não há de ser buscada na confusão do paganismo, nem nas impurezas do cisma, nem na cegueira do judaísmo, mas somente entre os denominados cristãos católicos ou ortodoxos, isto é, entre os guardiões da integridade e seguidores do que é reto.”

Notas:

  1. Atualmente é enorme o esforço da ala progressista em dar comunhão a quem está em erro doutrinário ou quem não vive conforme a moral católica. É o caso de grande parcela do episcopado alemão. Infelizmente não estão sozinhos

2. Os ofitas (ou Naassenos, denominação com a qual Hipólito os conhece) tomam seu nome da Serpente (Óphis, em grego), uma vez que para eles é a Serpente o centro, o elemento preponderante do itinerário que caracteriza sua doutrina. É  a Serpente, em antagonismo com o malvado demiurgo criador da matéria, quem revela o dualismo que está por trás da concepção gnóstica; é a Serpente que dá a gnosis, o conhecimento iluminado do bem e do mal; é a Serpente o elemento positivo ao qual dar culto e dirigir-se como caminho para a salvação daquilo que de “pneumático”, espiritual, ou seja, originado do criador do bem, se esconde no homem (na matéria da carne, como numa prisão), e para o conseqüente abandono eterno do que é “hílico”, material, ou seja, mal, o mal que está no mundo e que é o mundo. Uma redenção – pelo desprezo da carne, da matéria – que pode ser alcançada também por meio do libertinismo  mais perverso. Fonte: . https://www.30giorni.it/articoli_id_757_l6.htm Artigo: É a serpente que dá o conhecimento do bem e do mal.

Fundado por Maniqueu no século III, o maniqueísmo nasceu como um movimento religioso que tem como principal característica o dualismo baseado no antagonismo entre os conceitos de bem e mal, luz e trevas, corpo e alma. Haveria um deus do bem, o sumo bem e um Deus do mal, o sumo mal. Na Idade Média, foi criticado por Santo Agostinho que dedicou grande empenho para desmistificar a ideia do Mal propagada por Maniqueu e seus seguidores.

3. Fotinianos – hereges do séc. IV – negavam que o Espírito Santo é Deus. Também afirmavam que Jesus era filho natural de José.

Arianismo: doutrina herética defendida pelo bispo Ario que afirmava que Cristo era filho de Deus mas não era Deus. Teve enorme influência na Igreja. Foi fortemente combatido por Santo Atanásio.

FONTE: Santo Agostinho. A verdadeira religião; O cuidado devido aos mortos. São Paulo: Paulus, 2002, p. 34,35.

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