CNA, Vaticano, 24 de outubro de 2025
O Papa Leão XIV lamentou na quinta-feira o impacto devastador do vício em opioides nos EUA, criticando a indústria farmacêutica por sua falta de “uma ética global” em prol dos lucros.
Em um encontro em 23 de outubro com participantes do quinto Encontro Mundial dos Movimentos Populares, realizado na Sala Paulo VI do Vaticano, o papa se manifestou diretamente contra o “consumismo desenfreado” e seus impactos negativos sobre as pessoas que vivem em países pobres e ricos.

“Na cultura atual, com a ajuda da publicidade, promove-se um culto ao bem-estar físico, quase uma idolatria do corpo e, nessa visão, o mistério da dor é reduzido a algo totalmente desumano”, disse ele.
“Isso também pode levar à dependência de analgésicos, cuja venda obviamente contribui para o aumento dos lucros das mesmas empresas farmacêuticas”, continuou ele. “Isso também leva à dependência de opioides, o que tem sido devastador, principalmente nos Estados Unidos.”
Descrevendo o fentanil como a “droga da morte” e a “segunda causa mais comum de morte entre os pobres” nos EUA, o Papa disse que os danos dessas drogas sintéticas se estendem além das fronteiras do país.
“A disseminação de novas drogas sintéticas, cada vez mais letais, não é apenas um crime que envolve tráfico de drogas, mas tem a ver com a produção de produtos farmacêuticos e seu lucro, sem uma ética global”, disse ele na quinta-feira.
Além da indústria farmacêutica, o Santo Padre também criticou a influência das grandes empresas de tecnologia na promoção de comportamentos consumistas e prejudiciais à saúde entre pessoas de todas as idades.

“Como pode um jovem pobre viver com esperança e sem ansiedade quando as redes sociais exaltam constantemente um consumismo desenfreado e um nível de sucesso econômico totalmente irrealizável?”, disse ele.
“Outro problema que muitas vezes não é reconhecido é representado pela dependência em jogos de azar digitais”, continuou ele. “As plataformas são projetadas para criar dependência compulsiva e gerar hábitos viciantes que geram dependência.”
(…)
Notas do olivereduc.com
- A observação do Santo Padre aponta para uma realidade sumamente importante: toda ação humana está sujeita à ética.
Isso, que é verdade para cada uma de nossas ações é também absolutamente verdadeiro para a política, para a economia, para a arte, enfim, também para todas as instituições e todos os setores da vida humana.
Com o advento do capitalismo surgiu o princípio da “livre iniciativa” como um dos pilares do sistema. A Igreja, contudo, desde o início do liberalismo, advertiu que os princípios econômicos só são válidos quando limitados pela ética e, em última análise, contribuam para o desenvolvimento integral do homem. Assim, como é evidente, tal liberdade não existe para o mal. Exemplo claro é o da indústria pornográfica ou a ação do crime organizado cujas atividades violam a dignidade humana e prejudicam o bem individual e comum.
Ao criticar as indústrias farmacêuticas, genericamente, o Papa não está dizendo que elas não têm o direito de existir e nem de obter os lucros de seus empreendimentos. Só está afirmando que os meios de vender seus produtos também devem ser corretos. Também não implica em dizer que cada indústria esteja fazendo uma economia sem ética.
Outro ponto: não esqueçamos também que, independentemente de sistemas, quem age é o homem. E este, gostemos ou não, está sujeito às consequências do pecado original.
Sendo assim, também é um erro e uma utopia progressista, imaginar que será possível destruir as “estruturas de pecado” e que, assim feito, teremos uma sociedade onde corre “leite e mel”. Longe disso!
- O restante do artigo fala das observações do Papa sobre os movimentos sociais. Deixamos para tratar do assunto em próximo artigo.
 
	 
			 
					 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
		