PRÓ-VIDA, NAZISMO E HOLOCAUSTOS

 

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Valter de Oliveira

Já se passaram mais de 80 anos que o nazismo assumiu o poder na Alemanha. Mal sabiam os alemães – e o mundo – das trágicas consequências das eleições de 1933 que fez de Hitler chanceler do povo alemão.

É verdade que tudo estava prenunciado no ideário do nacional socialismo, no Mein Kampf e nos textos de seus teóricos.

Os eternos “otimistas” preferiram desconhece-los. Ou não dar-lhes importância.

Em 1935 foram decretadas as leis de Nuremberg. Leis racistas. Leis eugenistas, contra a vida de inocentes. Leis que feriam o direito natural e a dignidade humana.

Nas fileiras católicas não faltaram clérigos e fiéis que valorosamente enfrentaram o totalitarismo do Reich. Antes e depois da posse de Hitler.

Antes de 1933 setores do episcopado convidaram os católicos a não votar nos nazistas ou pertencerem ao movimento. Foi o caso dos bispos de Mogúncia e Munique.

Lamentavelmente houve prelados da época que julgaram tais posturas exageradas. A Conferência nacional dos bispos alemães forçou a retirada da excomunhão aos nazistas. Era preciso dar um voto de boa vontade aos novos governantes.

Apesar disso, certos bispos e fiéis continuaram, após 1933, a fazer suas críticas ao regime. Von Galen, bispo de Münster foi um espetacular exemplo de coragem. Seus sermões, em 1934 e depois, foram como bombas lançadas nas fileiras nazistas (1).

Em 1937 foi a vez do Papa Pio XI promulgar a encíclica antinazista Mit Brennender Sorge (2) que, ao ser lida em igrejas da Alemanha, provocou a prisão de grande número de clérigos e leigos.

Enquanto isso ocorria o sucesso do governo nazista no plano econômico e social fez com que a revista Time  declarasse Hitler o “Homem do Ano” em 1938.

Em 1939 começa a Segunda Guerra. Em pouco tempo Hitler triunfa na Europa. As multidões o aclamam.

Os campos de concentração, que já existiam, começaram então a receber toda sorte de homens e mulheres indesejáveis: miseráveis, vagabundos,  prisioneiros de guerra,  inimigos do regime, ciganos e judeus. Começava o holocausto.

UMA SUPOSIÇÃO

Não tenho conhecimento histórico para afirmar se houve movimentos que, ao saberem das atrocidades cometidas nos campos de concentração do Reich, tenham tido a coragem e a possibilidade de fazer protestos em defesa da vida de tantos inocentes. Vamos supor que tenham existido. Imagine um grupo de manifestantes em frente a um órgão governamental clamando por justiça. Imagine que tenha sido possível uma manifestação em frente a Auschwitz ou qualquer outro campo de prisioneiros. Suponha, enfim, que por razões políticas não tenham sido presos. Simplesmente tenham sido fichados e mantido em observação. Perguntas:

Que juízo deveríamos fazer deles? Que juízo deveriam fazer os que escaparam dos campos da morte após a vitória aliada? Deveriam ser tidos por loucos ou heróis? Alienados ou homens e mulheres verdadeiramente cidadãos, justamente indignados contra um regime desumano? (3)

O HOLOCAUSTO LEMBRADO

A crueldade dos campos nazistas mereceu as candentes palavras do Papa Francisco no memorial de Yad Vashem (26/05/2014). O Santo Padre interrogou de modo dramático:

«Adão, onde estás?» (cf. Gen 3, 9). 

Onde estás, ó homem? Onde foste parar? 

Nesta pergunta, há toda a dor do Pai que perdeu o filho. 

O Pai conhecia o risco da liberdade; sabia que o filho teria podido perder-se… mas talvez nem mesmo o Pai podia imaginar uma tal queda, um tal abismo! 

Aquele grito «onde estás?» ressoa aqui, perante a tragédia incomensurável do Holocausto, como uma voz que se perde num abismo sem fundo… (4) 

 

Foi sem dúvida um terrível holocausto. Tem que ser sempre lembrado. Não pode ser esquecido.

OS HOLOCAUSTOS ESQUECIDOS 

Não foram poucos. Na Europa, na Ásia, na África.

Foram milhões as vítimas de Stalin, na Rússia; de Mao-Tsé-Tung, na China, de Pol Pot, no Camboja. Tudo em nome da utopia redentora e libertária do marxismo.

Outros milhões foram trucidados na África graças a tiranetes tribais e as falhas, complacências e culpas do mundo ocidental.

Pouco ou nada se fala deles. Pior, ainda há algozes louvados e reverenciados. Quando há certa crítica procura-se salvar o regime.

É como afirmar que o nazismo teórico é bom. O real é que foi mau!

Como homens de bem podem suportar tanta incoerência?

O HOLOCAUSTO QUE CONTINUA

Hoje há um holocausto ainda pior. Ele cresce, se propaga, se agiganta. É defendido na sociedade civil e em grupos religiosos. Tem seus sequazes até nas fileiras católicas.

É o holocausto dos nascituros.

Seus promotores estão no Ocidente e no Oriente. São das mais diversas ideologias. Todas com pontos em comum: a negação do direito natural e do transcendente; da autonomia completa do ser humano em relação à lei moral.

Nazistas eliminaram inocentes em nome da raça e da pureza de sangue.

Marxistas exterminaram milhões em nome do conceito de classe, da ditadura do proletariado. Ditadura defendida como sumamente justa!…

Os promotores do holocausto abortista tem a mesma mentalidade dos antecedentes. É baseado em uma política sem Deus. Além disso, como afirma Alveda King, sobrinha de Marthin Luther king, tem seu lado racista e eugenista.  (5)

Infelizmente, não são poucos os que fecham os olhos para a matança de tantos inocentes. Apliquemos a ele as palavras que o Papa dirige a Deus ao condenar as barbáries nazistas:

“Lembrai-Vos de nós na vossa misericórdia. Dai-nos a graça de nos envergonharmos daquilo que, como homens, fomos capazes de fazer, de nos envergonharmos desta máxima idolatria, de termos desprezado e destruído a nossa carne, aquela que Vós formastes da lama, aquela que vivificastes com o vosso sopro de vida. 

Nunca mais, Senhor, nunca mais!”

Notas:

1. Eis um pequeno exemplo:
Von Galen, em sua primeira carta pastoral diocesana da Páscoa de 1934, condenou sem reservas aWeltanschauung neopagã do nazismo, evidenciando claramente o caráter religioso dessa ideologia: “Uma nova e nefasta doutrina totalitária que põe a raça acima da moralidade, põe o sangue acima da lei, […] repudia a revelação, visa a destruir os fundamentos do cristianismo […]. É um engano religioso. Às vezes esse novo paganismo se esconde até mesmo sob nomes cristãos […]. Esse ataque anticristão que estamos experimentando em nossos dias supera, enquanto violência destruidora, a todos os outros de que temos conhecimento desde os tempos mais distantes”.  http://www.sacralidade.com

2. http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_14031937_mit-brennender-sorge_sp.html

3. A suposta manifestação pró vida diante dos campos de concentração evidentemente seria digna de aplausos. Contraditoriamente não há tal simpatia contra quem não aceita o aborto. Tanto é verdade que, miseravelmente, até mesmo em altos setores da Igreja Católica, haja  quem lança farpas contra os movimentos pró-vida porque se manifestam pelo direito dos  nascituros em frente a clínicas de aborto.  Alegação: seriam tão obstinados em suas ideias que se esquecem do social! Não só isso. Como muitas vezes expõem cartazes exigindo que os abortistas parem com os assassinatos estariam fazendo um protesto de mau gosto. Um protesto não caridoso…

4. Leia o texto integral http://claravalcister.com/tuespetrus/a-indignacao-do-papa-com-o-holocausto/

5. Veja as palavras de Alveda King, no vídeo Blood Money:

http://claravalcister.com/videos/blood-money-aborto-legalizado/

 

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