DESTINO E PROVIDÊNCIA DIVINA


Pe. Paulo M. Ramalho

Muitas pessoas costumam perguntar a mim se existe destino. E a resposta cristã é esta: não existe destino; o que existe é a providência divina.

Expliquemos um pouco melhor o que isto significa.

O que é o destino? Se vamos ao dicionário veremos que a palavra destino significa a “a fatalidade a que estão sujeitas todas as pessoas e todas as coisas do mundo”. Ou seja, por destino se entende os fatos que ocorrerão na vida das pessoas que são independe da sua vontade e sobre os quais nós não podemos escapar. Como se costuma dizer “ninguém escapa ao destino!” Estes fatos podem ser tanto bons (sorte) ou maus (azar, fatalidade). Todo destino, por sua natureza, é cego. Os gregos acreditavam piamente no destino.

No entanto, qual é a visão cristã? A visão cristã é diferente da concepção do destino por duas razões:

a) não existe uma força cega que governa o mundo

Quem governa o mundo é Deus. De tal modo que “tudo” faz parte dos planos de Deus. E Deus faz concorrer tudo para o bem. Isto é o que se entende por “providência divina”.

b) o governo do mundo por parte de Deus (sua providência) não tira em nada a liberdade das nossas ações

Somos livres e sempre seremos livres! Quem acredita no destino, afirma indiretamente que nós não somos livres. No entanto, por constatação da experiência pessoal e por vontade de Deus, somos perfeitamente livres e nunca deixaremos de sê-lo.

Também quando afirmamos que “tudo faz parte dos planos de Deus” não estamos tirando a liberdade que cada um de nós possui. É importantíssimo entender isto: “Deus governa o mundo em harmonia com a nossa liberdade!”

A visão cristã, portanto, é esta: o que existe é a providência divina e por “providência divina” se entende o governo de Deus no mundo em perfeita harmonia com a nossa liberdade.

A consciência desta verdade nos dá duas tranquilidades:

a) Deus é quem governa o mundo e não uma “força cega”

b) apesar de Deus governar o mundo, não tira em nada a nossa liberdade, ou seja, somos senhores das nossas ações, não somos marionetes

Apliquemos agora esta verdade a um ensinamento prático: se um parente está com uma doença gravíssima, adianta rezar por ele? E se Deus deseja que ele não se cure?

Em primeiro lugar, temos que dizer que se Deus deseja que ele não se cure, não se curar será para o seu bem e para o bem de toda a família, para um bem numa escala muito maior que não é fácil enxergar numa primeira vista, pois tudo o que Deus faz, faz para o bem. As nossas orações neste caso não serão em vão, pois Deus as utilizará para o seu alívio físico e espiritual, para que seja alcançado este bem maior para ele e para toda família e para o alívio de muitas pessoas que estão sofrendo no mundo.

Em segundo lugar, caso Deus deseja fazer um milagre, é importante que rezemos mesmo assim, pois Deus muitas vezes é levado a fazer o milagre movido pelas nossas orações, contando com as nossas orações. Neste sentido nossas orações são decisivas.

Que estas considerações nos ajudem a entender melhor o que ocorre no mundo, a entender os planos de Deus que, como sempre, são para o bem.

Uma santa semana a todos!

Pe. Paulo M. Ramalho

Sacerdote ordenado em 1993. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP, doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce, capelão do IICS – Instituto Internacional de Ciências Sociais. Atende direção espiritual na Igreja de São Gabriel em São Paulo.

DOMINGO, 16 DE OUTUBRO DE 2011

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